Inspirações entre partilhas
Entre o burburinho de vozes e ideias sobre produção cultural entre o qual estava em 2018 uma semente preciosa foi plantada no solo fértil da minha imaginação: O meu primeiro projeto de contação de histórias. Algo que nasceu não apenas da mente, mas, sobretudo, do coração.

A ideia surgiu quase como um sussurro, enquanto eu mergulhava nos estudos da produção cultural. Estava aprendendo sobre como trazer à vida eventos que pudessem tocar as pessoas de maneira significativa, quando percebi que as histórias que mais me moviam eram aquelas contadas de um jeito simples, mas profundamente tocante.
Alimentada por conversas, aulas e leituras inspiradoras a ideia foi tomando forma. Eu ainda não sabia como seria, mas o que eu tinha como objetivo era que cada história que fosse contar fosse uma ponte, elo de conexão entre mim e o público, entre o imaginário e o real.
Mas entre tanta coisa pra contar, escolher um tema parecia algo impossível. Foi aí que comecei a tentar “visualizar”meu público e pensar no que eu tinha para compartilhar com mais autonomia, e verdade e que poderia agregar de forma poética e artística.
Como pequenos atos de coragem comecei a compartilhar com meus colegas de estudos as histórias que, de alguma forma, me tocavam e por algum motivo, que eu não sabia, me despertavam vontade de contar. Foi nesta partilha que percebi que a maior parte das histórias estavam ligadas à minha mãe. Histórias que eram dela, mas poderiam ser de qualquer pessoa, pois falavam de sentimentos universais como amor, saudade, alegria, superação.
Foi nesse período de aprendizado intenso e trocas riquíssimas que decidi dedicar meu primeiro projeto à narrativa da infância vivida pela minha mãe no sertão nordestino.
Esse projeto não seria apenas sobre contar histórias, mas sobre resgatar e valorizar memórias, tradições e uma riqueza cultural tão importante pra mim.
Que riqueza ter alguém na escuta de uma partilha. Às vezes não é sobre contar é sobre ser ouvido.